Quando se mora em casas geminadas e por "sorte" bem no meio de duas famílas, inevitavelmente participa-se das vidas delas. Fico pensando qual será a nossa comédia? estamos tão invadidos na nossa privacidade que me policio para não falar em um tom mais alto, pois sei que estou sendo ouvida, criticada e até julgada, da mesma maneira que observo e tenho a minha opinião sobre cada um.
O meu cachorro late e incomoda, expressão de pura felicidade e um ato irracional, esperado de um cachorro, mas isso não pode! Inacreditável como o ser humano é tão desumano na maioria das vezes, mas que bom praticar ahimsa, a não violência, bom poder fazer a diferença e não entrar nesta energia tão devastadora que a insatisfação pessoal causa nos relacionamentos que poderiam ser amigáveis e de pura troca, boa troca.
Entre uma tarefa e outra fico pensando nessas coisas, no grito e insultos as palavras ficam inaudíveis e quando expressadas dessa forma ferem os sentimentos, o ego, a hombridade, enfim antes uma palavra sussurrada do que aquela que sai aos berros, eu particulamemte fico surda perante ao grito.
Exemplos esses, que não devem ser seguidos, só confirmam que o relacionamento começa dentro de casa, e quando as pessoas que mais deveriam se amar se tratam com tanta dureza penso que é por isso que a violência e a falta de paciência é tão latente no ser humano no tratamento com os estranhos, ele quer explodir com alguém e se você estiver no seu caminho nessa hora meu amigo, dançou, ele vai jogar tudo em cima de você mesmo que tiver só esbarrado nele no ônibus ou então observado gentilmente que ele estava berrando na sua janela há uma da manhã.
Meses e meses de observação me fazem parar para pensar: será que sou assim? sei que não sou perfeita, claro, mas será que quando me expresso passo essa agressividade na voz? essa dureza no tratamento com as pessoas? espero do fundo da minha alma que não, porque é tão feio de ouvir que sinto aquela vergonha alheia, queria enfiar a cara num buraco em certos momentos e sumir por alguns instantes.
No final essa comédia, nada cômica, da vida privada, às vezes não é tão privada assim!
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